Em 1936, as tropas italianas jogaram gás mostarda na Etiópia, matando homens, animais e envenenando rios.
Naquele mesmo ano, na IG Farben alemã, um químico chamado Gerhard Schrader estava escolhido para tarefa de fazer inseticidas. Trabalhando com organofosforados, compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio misturados ao fósforo, Schrader criou um produto tão mortífero que era impossível usá-lo como inseticida. Estava criado o Tabun, o primeiro dos gases neurotóxicos (que agem sobre os nervos), até hoje a mais terrível espécie de arma química já inventada. Dois anos mais tarde, Schrader inventou o Sarin, e já nos estertores da Segunda Guerra Mundial, em 1944, criou o Soman, oito vezes mais letal que o primeiro e duas vezes mais que o segundo.
Os gases dos nervos matam em minutos. Atuam inibindo uma enzima chamada acetilcolinesterase, necessária para o controle dos movimentos musculares. Essa enzima bloqueia os impulsos nervosos que ativam os músculos. Quando o gás neurotóxico é absorvido, por inalação e contato com a pele, a produção da enzima pára imediatamente. Todos os músculos então se contraem sem parar e acabam estrangulando os pulmões e o coração. É mais ou menos assim, por asfixia, que morrem os insetos atacados com inseticidas.
Os gases mortíferos dos nazistas não chegaram aos campos de batalha, mas foram empregados em larga escala no extermínio de populações inteiras. A IG Farben desenvolveu o Zyklon-B, o gás usado pelos nazistas para matar milhões de judeus nas câmaras dos campos de extermínio. Terminada a guerra, os aliados se apoderaram das técnicas e dos estoques da IG Farben. Em pouco tempo, carregamentos secretos de gases dos nervos chegaram aos Estados Unidos e à União Soviética. Ainda havia o que aperfeiçoar nessa área. No começo da década de 50, a empresa química inglesa ICI criou a chamada família V, com os gases VE e VX, muitas vezes mais tóxicos que os dos alemães se é que é possível imaginar isso.
A praga continuou a cruzar diversas fronteiras.
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